A ideia deste post surgiu quando confessei para minhas amigas: “Hoje me senti uma adestradora de cães; e eu mesma sou a adestradora e o cão”. Como é que é?

Exatamente isso. Início do segundo semestre, novas disciplinas para cursar no mestrado, rotina de trabalho e todos os compromissos que cada-um-tem-os-seus me fizeram pensar em quê? Em melhorar a minha rotina, organizar melhor a distribuição do meu tempo para conseguir dar conta de tudo. Montei um cronograma legal, decidi experimentar alguns horários diferentes, comecei a colocar em prática e… começou o adestramento. Neste dia, eu só queria ler durante 45-50 min corridos, fazer uma pausa e repetir 3 ciclos desses. A tarefa era fácil, mas o cão é daqueles selvagens, sabe? Não gosta muito de obedecer.

Nos primeiros 40 minutos lutei comigo mesma diversas vezes! A mente se distraía, eu trazia ela de volta; pensava que lavar a louça parecia interessante e adequado naquele momento, mas eu me segurava na cadeira; passados uns 15 min iniciais, veio um sono cambaleante. Investi cinco minutinhos da leitura em fazer um bom mate e voltei. Até que longos 40 minutos depois – não consegui aguentar mais cinco – fiz a tal pausa.

Essa experiência me fez pensar muito em como nos desacostumamos a focar em uma coisa só de cada vez. Tenho a sensação de que quando eu estudava na época do colégio (há uns bons 15 anos), eu conseguia focar durante mais tempo. Naquela época já tinha celular, mas o uso era só para ligar e mandar sms, não tinha rede social e WhatsApp. E hoje temos convites infinitos para a distração, a todo instante, e cabe a nós nos adestrarmos para fazer o uso adequado.

Decidi que nesses ciclos de concentração, não vou olhar o Whats, nem navegar na internet, é abrir o texto no computador e só. Ah, e como sou comilona, fazer um chá, mate ou café me ajuda. Também é preciso ter paciência consigo mesmo e insistir, um dia depois do outro, até o corpo aprender e parar com a resistência. Li por aí, que a média para adestrar um cachorro é de quatro meses; dizem que para um ser humano incorporar um novo hábito simples é preciso de, pelo menos, 21 dias, então o negócio é insistir.

E onde é que entra o Aristóteles na história? De alguma forma, ele deve ter sentido algo parecido com isso no seu tempo, afinal ele escreveu uma frase que eu amo:

“Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um feito, mas um hábito.”