Eu amo estudar. É um fato, sempre fui cdf, nerd, geek. Não daquelas estereotipadas, tímidas, que usavam óculos e aparelho nos dentes, mas sempre gostei de tirar notas boas. Admito, tenho facilidade para aprender, sempre procurei prestar atenção na explicação, fazer os exercícios e temas de casa, um resumão do conteúdo e… tirava boas notas nas provas. Os longos anos de colégio e faculdade foram cumpridos com sucesso seguindo essa fórmula. Funcionou tão bem que me formei na faculdade com mérito acadêmico :)

Mas no mestrado ela falhou. Entrei no mestrado em março desse ano e algumas aulas depois uma crise se instaurou. A minha fórmula de sucesso dos estudos não estava funcionando, até porque já nem tinha todos os pré-requisitos, pois os professores pouco explicavam algo, grande parte do aprendizado é feito de forma autônoma: primeiro grande choque. Eu até já tinha ouvido falar que era assim, mas a gente só sente mesmo quando vive, né?! Passei o primeiro semestre num caso de amor e ódio com as aulas, querendo desistir, mas lembrando o quanto quis entrar.

No segundo semestre as disciplinas melhoraram um pouco, na minha opinião. Ou eu amadureci um pouco, também pode ser. O fato é que as coisas começaram a se encaixar um pouquinho mais. Mas a grande ficha caiu mesmo nesta semana!

O maior aprendizado do mestrado até agora, para mim, foi esse: aprender a me amar mesmo eu não sendo a cdf que sempre gostei e procurei ser na minha vida escolar.

Porque até então eu sofria, me culpava por não estar indo tão bem quanto eu achava que deveria ir, odiava uma partezinha minha que não correspondia às minhas expectativas. E há uns dois dias a ficha caiu: a gente muda. A nossa performance muda conforme o ambiente muda, as exigências mudam, tudo muda. E aprender a se entender e seguir se amando faz parte do processo.

Se antes eu lia um texto uma vez, com a tv ligada ao fundo, e entendia, hoje eu preciso de silêncio ou no máximo uma playlist de jazz. Se antes eu me contentava com o que o professor falava, hoje preciso buscar muito mais sozinha, de forma autônoma, e usar o professor para fazer conexões. Se antes eu ficava feliz com um dez, hoje eu fico feliz de entender uma teoria e aumentar meu repertório intelectual. Que bom que as coisas mudam, afinal.

E se não bastasse esse baita aprendizado, ganhei de brinde uma porção de amigos novos. Sempre acreditei nisso também: para fazer amigos novos, me matriculava em algum curso. Gosto de amigos que estudam algo, gosto de trocar, conversar, debater, explicar a minha ideia ou mudá-la completamente. E nesses momentos de crise, de se achar o pior aluno da sala, conversar com outros alunos da mesma sala é fundamental. Nos permite ver que, na verdade, todo mundo está se considerando a turma do fundão, mas se dar conta de que o ambiente mudou é uma das provas pela qual temos que passar e sermos aprovados.