Recentemente tive acesso a dois conteúdos que eu classifico como sendo da série “eu queria ter escrito”. Um deles é um texto, muito bem escrito por Eugenio Mussak, intitulado ‘Capricho em tudo’*. O outro é um vídeo, parte de uma palestra, de um cara que já admiro há bastante tempo, Mario Sergio Cortella, intitulado ‘Faça apenas o seu melhor’**. Ambos falam do mesmo tema: capricho no realizar uma atividade!

Mussak abre seu texto com uma frase inspiradora: “Tudo o que merece ser feito merece ser bem feito!” Geralmente, temos isso em mente quando começamos em um novo emprego, preparamos uma receita especial ou vamos nos apresentar para um cliente; nos importamos com os mínimos detalhes e entregamos o resultado da maneira mais caprichosa possível. Ótimo! O problema começa quando a rotina chega, vai se instalando e diminuímos nosso cuidado diário nas tarefas, baixamos a guarda e o nível de exigência com nosso próprio trabalho, às vezes até com a nossa própria apresentação pessoal. Enviamos um e-mail sem conferir se anexamos o arquivo, entregamos o projeto com erros de ortografia, conduzimos a reunião sem o posicionamento que era necessário. Diversos exemplos de uma única realidade: fiz porque tinha que fazer, porque o relógio bateu 18h, porque queria acabar logo. Não revisei, não caprichei.

Cortella é categórico ao definir essa postura: “Uma pessoa medíocre é aquela que podendo fazer o melhor, se contenta com o possível. Mediocridade é falta de capricho.” Fazer de qualquer jeito, contentar-se com a média, camuflar-se no meio da multidão são ações medíocres, incoerentes com profissionais que desejam se destacar em uma empresa ou no mercado. A própria palavra já define: medíocre, mediano; não é o máximo. Não é 10, é 7. Não é medalha de ouro, é medalha de participação, quando muito.

O que parece passar despercebido por quem não se esmera ao máximo é que o trabalho é praticamente o mesmo. O esforço de correr a maratona e chegar em 4º lugar é quase o mesmo de quem chega em 1º. Entre enviar um e-mail confuso e um objetivo, estava só uma leitura atenta. Entre escolher a melhor roupa para ir trabalhar e a mesma de ontem, estavam apenas alguns minutos a mais. Às vezes pecamos por pressa, mas na grande maioria das vezes é por descaso, por achar que não vai dar em nada, o outro vai entender/receber igual.

Esquecemo-nos de que somos feitos das grandes e pequenas ações que fazemos diariamente, e fazer algo medíocre revela uma parte medíocre nossa.

Todos nós temos aqueles dias difíceis, quando a concentração parece vir em pílulas de 30 minutos e que manter o foco exige muito; faz parte. Nesses dias, tenha em mente que sua atenção com o que entrega deve ser redobrada. Não subestime o outro que vai receber seu trabalho, seja você ainda mais criterioso antes de entregar. Se for possível, adie a tomada de decisão ou a entrega. Se não for, redobre o cuidado. Quando algo é feito com cuidado, do melhor modo possível, o capricho agrega valor ao resultado – seja esse um e-mail, um projeto, uma reunião etc. Quem recebe consegue perceber um diferencial, mesmo que subjetivo ou inconsciente, e possivelmente essa pessoa vai dar continuidade ao que recebeu com mais capricho também. Cria-se um ciclo vicioso positivo, da ação bem feita. E o que seria do nosso contexto sem os medíocres? ;-)

*Capricho em tudo, Eugenio Mussak: http://vidasimples.uol.com.br/noticias/pensar/capricho-em-tudo.phtml#.V5lePrTfJ-w

**Faça apenas o seu melhor, Mario Sergio Cortella: https://www.youtube.com/watch?v=HhdhC7c8Pk0