Leio diversos textos sobre entrevistas de emprego e me surpreendo com diversos deles. Muitos publicados por revistas renomadas e o conteúdo me desafia: será que isso ainda funciona assim?

Meu primeiro pensamento é: entrevista de emprego está fora de moda. O termo entrevista até vai, mas emprego? Em pleno século XXI? Sabe o que me parece uma entrevista de emprego, dita assim? Uma sabatina de perguntas e respostas, na qual o entrevistado deve responder pronta e calculadamente perguntas para as quais já se preparou, a fim de arranjar um lugar para cumprir horário e metas.

Outra coisa que me surpreende: o entrevistador quer fazer perguntas difíceis apenas para embaraçar o entrevistado? Quer desafiar, ironizar, achar um erro? E o entrevistado quer trabalhar em uma empresa assim? Quem vai responder sinceramente quais são seus três defeitos e suas três qualidades? Vamos lá pessoal, eu tenho muito sono depois do almoço, mas 1) quem não tem? 2) não vou sair contando isso em uma entrevista 3) o que interessa isso ao entrevistador?

Ao meu ver, não deve ser uma entrevista, deve ser uma conversa. O entrevistado se apresenta, personifica aquele pedaço de papel chamado currículo, conta sua história (enfoque profissional, por favor), vende-se, ao passo que o entrevistador apresenta a empresa, dá mais detalhes do dia a dia daquela profissão, apresenta a vaga. Ambos falam, na mesma proporção, podem fazer comentários pessoais, é uma conversa! O escopo é profissional, mas o modo como acontece é natural. É papel do entrevistador deixar o candidato à vontade, deixar ele se apresentar como pessoa e não se vender como um semi-deus, criando uma expectativa que depois não irá cumprir. Oferecer água ou café, indicar onde fica o banheiro, desconsiderar o suor frio ou o tremor. É uma situação difícil para alguns, sabemos disso. Mesmo nós, entrevistadores, já fomos entrevistados um dia.

E qual é o objetivo dessa conversa? Conquistar uma oportunidade. E aqui a responsabilidade recai mais para o entrevistado do que para o entrevistador. Para conquistar, primeiro você precisa entender em que consiste essa oportunidade. Não entendeu bem? Pergunte. É melhor entender e imaginar-se fazendo aquilo antes de assinar o contrato de trabalho. Depois de entendida a proposta e realmente acreditar que é aquilo que você deseja fazer – e não apenas pensar que você deve aceitar pois está precisando trabalhar –  então, lute por esta oportunidade. Venda-se, fale sobre você, seja sincero sobre o que você irá precisar aprender, mas coloque-se disponível para aprender. Não fique apenas nas respostas básicas e monossílabas, mas também preste atenção se você não está palestrando sobre determinado assunto.

Não queira que a empresa lhe dê o emprego porque você precisa, mas conquiste essa oportunidade porque você merece.

E por que é uma oportunidade? Porque é uma chance de você fazer diferente, se destacar, aperfeiçoar uma habilidade sua. Você não irá apenas cumprir horário e metas, você vai desejar estar lá e contribuir com aquele projeto. Afinal, dentre tantos candidatos, você foi o escolhido para desempenhar aquela função, então você deve encarar como uma oportunidade para fazer bem feito o seu trabalho e crescer profissional e pessoalmente.

Visto dessa maneira, não fica bem mais fácil preparar-se para uma “conversa para conquistar uma oportunidade”? (Escreverei sobre algumas dicas práticas em um próximo post, aguarde!)

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