Hoje, no Brasil, se comemora o Dia dos Professores e escolhi dedicar esse post para eles. Não vou falar aqui das dificuldades e desafios que um professor enfrenta hoje em sala de aula, com alunos cada vez menos educados em casa, alguns mais mimados do que educados, falta de respeito ou de recursos. Isso já é de conhecimento de todos, infelizmente. Também não vou “chover no molhado” falando que a escolha de ser professor envolve muito mais talento e propósito do que boa remuneração ou prestígio. Vou falar de significados…

Começo falando da diferença entre ensinar e educar. Ensinar vem do latim e quer dizer ‘fazer um sinal, assinalar, pôr uma marca’; ou seja, através do ensino, eu “assinalo” os alunos,  todos com o mesmo sinal. Ao invés, educar, que também deriva do latim (educere), quer dizer ‘conduzir para fora’, ou seja, trazer para fora aquele conhecimento único que o aluno já possui, mas ainda não sabe. No ensino, eu considero todos os alunos iguais; na educação, eu considero cada aluno como é, único. Um grande desafio.

E aquele que educa é mais do que professor, é mestre. Não, não porque tem mestrado; é aquele que é iluminado pelo conhecimento e ao dar uma aula provoca uma mudança significativa e sem volta na vida daqueles que o escutam, desperta a luz. Ser mestre é, antes de tudo, ser. Ser o conhecimento que possui, ser coerente, aplicá-lo na sua própria vida, aliar a teoria que ensina à prática que vive.

E aí vale também fazer a distinção entre aluno e discípulo. Aluno “é aquele que armazena os conhecimentos sem que produzam nele qualquer modificação interior”*; é sem luz, recebe e reflete a luz de outrem. Já o discípulo “é capaz de conectar-se intimamente com os ensinamentos do seu mestre, ao mesmo tempo em que tenta aplicar em si mesmo esse conhecimento que o comoveu”*; o discípulo é pelas suas próprias pernas.

Quanta diferença né?! Durante meu percurso de formação em sala de aula, já fui aluna e discípula; já fui ensinada e educada; como professora, algumas vezes fui mestre. A diferença de ter um professor que educa é nítida, na primeira aula tu já sentes um impacto lá dentro e quer ouvir cada suspiro que ele dá, pois sabe que faz diferença na tua vida. Ser discípulo também tem algo de mágico, pois embora exija disciplina (não é a toa que as palavras são parecidas, né?), dá sentido ao aprendizado.

Nesse dia 15 de outubro de 2017 agradeço a todos aqueles que foram meus professores-mestres, que me educaram a ser quem sou hoje. Agradeço também a todos os meus alunos e discípulos que me educaram a ser uma professora-mestre. Parabenizo a todos que escolhem participar da missão de educar, seja formal ou não, e desejo a todos nós que sejamos discípulos de algum mestre, para nunca pararmos de aprender!

 

* Citações da apostila do Curso de Filosofia à Maneira Clássica, da Nova Acrópole.