“Um navio no porto está em segurança, mas não é para isso que os navios são feitos” John Shedd

Desde que li essa frase ela nunca mais saiu da minha cabeça. Com uma analogia muito simples, ela fala de sentido de vida, de liderança, de alma. Não sei exatamente quando descobri que estou mais para navio do que para barco, embora não raro o desejo de ficar no raso ou atracada ao cais seja forte. O medo, disfarçado de segurança, tem um poder imenso; mas quando a lembrança de quem a gente é de verdade vem à tona, é mais forte do que onda em dia de mar com bandeira vermelha!

Em dezembro de 2016 fiz uma coisa apavorante para mim pela primeira vez: dei um passo sem ter um novo lugar definido para por o pé. Em outras palavras, pedi demissão sem ter um novo emprego em vista. Aos 24 anos, pela primeira vez depois de sete anos emendando um emprego no outro, me vi desempregada. Alguns dias essa palavra era trocada por férias, descanso, detox e eu curtia a folga merecida. Comprei e li ótimos livros, almocei em lugares diferentes, tomei banho de sol e de piscina. Mas em outros dias, aquele medo do qual eu falei antes aparecia e eu me perguntava se tinha tomado a decisão certa, se não era melhor ter ficado no porto, em segurança.

Não, não é. Dois dos livros que li batiam na mesma tecla, em contextos extremamente diferentes: usar a felicidade como critério de escolha, seja para decidir o que manter no guarda-roupa em uma organização (A mágica da arrumação – Marie Kondo) ou para desenvolver um programa de desenvolvimento de colaboradores (Felicidade dá Lucro – Márcio Fernandes). Responder de forma sincera o que te faz feliz e ir atrás disso, passando por cima do medo, insegurança ou do que for. Porque isso vai acontecer, é normal, o que não dá é não fazer aquilo para o qual fomos feitos, tal como os navios.

Depois, quase caí em outra armadilha: aceitar a primeira proposta de trabalho para voltar logo ao mercado de trabalho. Aquela história: mais vale um pássaro na mão do que dois voando – será? Ou é a segurança levantando sua bandeira de novo, pedindo para ser escolhida ao invés da felicidade? Arrisquei de novo, recusei a proposta ainda sem ter outra opção em vista. Apostei mais uma vez no incerto, porque algo dentro de mim me dizia que era o certo a fazer! E foi. 50 dias depois daquele primeiro passo no escuro aceitei uma proposta que me deixou feliz, de verdade, por inteira. Acabei de embarcar nessa nova viagem e estou ansiosa pelas novas paisagens que vou descobrir…

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