Há alguns dias atrás conduzi um workshop intitulado “Eu, dono da minha carreira” durante o Tecnopuc Experience, onde eu trabalho. Montei uma apresentação e senti a necessidade de começar esclarecendo alguns conceitos que estão muito falados hoje em dia, mas nem sempre bem entendidos. São eles: propósito e motivação!

Como sempre gosto de fazer para entender uma palavra, busco a origem dela. O que ela queria dizer, lá no início, quando cunharam aquele termo? Propósito tem origem no latim e é composta de duas partes: pro + positum. Pro significa vantagem, é para mim; positum significa posicionado, colocado ali, naquele lugar. Ou seja, propósito quer dizer ‘algo que está ali para mim. É aquele dom que cada um de nós tem, aquele talento que, se descoberto e posto em ação, nos realiza enquanto existência nesse mundo. É o que explica frases como ‘Escolha um trabalho que você ame e você nunca terá que trabalhar um dia em sua vida’ (Confúcio) ou ainda ‘Quem corre por gosto não cansa’ (autor desconhecido). Quer dizer: se eu descobrir o que realmente foi me dado como dom, talento, missão de vida ou o termo que você preferir, e colocar isso em ação, trabalhar nisso, o cansaço é relativo. O esforço que eu preciso colocar no dia a dia é diferente daquele que faço quando não gosto do que estou fazendo. Por isso, não cansa, ou cansa menos… Interessante né? Em dias em que se ouve tanto que todo mundo está exausto, parece ser um bom ponto de reflexão.

E a tal da motivação, o que é? Vamos para a origem de novo; vem do latim movere, isto é, mover-se. Motivação significa ‘o que me move. Aquilo que faz com que eu me mova, eu aja; e por ser uma escolha interna de movimento – provavelmente alinhada ao meu propósito – eu também não canso, não fico exausta, porque vejo um sentido em fazer aquilo.

Confunde-se muito motivação com estímulo. Eu que trabalho no RH de uma empresa ouço muito frases como: “estou desmotivado e a empresa não faz nada para mudar isso” ou “se eu não sair de férias na data tal ou não receber um aumento vou me desmotivar e sair daqui”. Mario Sergio Cortella é bem categórico ao trazer no seu livro ‘Por que fazemos o que fazemos’ o seguinte: “Motivação é uma atitude interna. Não devemos confundir motivação com estímulo!”. Porque é isso: motivação é o que me move e só eu sei o que é; o que os outros podem fazer por mim (empresa, faculdade, pais, sociedade) é me mostrar estímulos (aumento salarial, horário de trabalho flexível, professores que inspiram, autonomia etc.). Costumo fazer a seguinte analogia: motivação é uma porta que só abre por dentro, ou seja só tu quem pode abrir, e estímulos são batidas na porta que os outros fazem do outro lado; mas a escolha de abrir a porta é tua, individual e diária.

É isso, simples assim, né? A gente que às vezes complica ou prefere acreditar no que convém… Mas chega uma hora em que não dá para fugir – e fugir disso é fugir de si mesmo. O que me move? O que foi dado para mim (e não para outra pessoa) realizar? Descobrir isso é o primeiro passo para se encontrar; e, depois, para não viver cansado uma vida toda. Ufa!