[Continuação do post anterior :]

Agora que entendi o que é propósito posso me perguntar: eu sei qual é o meu propósito? Gosto sempre de reforçar alguns pontos sobre isso: a) o meu propósito pode evoluir ao longo do tempo, é difícil mesmo entrar ou sair da faculdade com isso bem claro e definido; no início eu tenho uma vaga ideia do que pode ser, daí vou me experimentando nisso, me aperfeiçoando, até que naturalmente vou descobrir o que verdadeiramente me motiva. b) essa descoberta só acontece na prática; é fazendo que percebemos se gostamos ou não de algo, nunca é só lendo, assistindo ou ouvindo outra pessoa falar. É na ação. Então, quanto antes e mais coisas eu experimentar, melhor. c) de tudo que já estudei e vi por aí, o propósito geralmente é algo amplo, não específico.

Para ficar mais claro, conto um pouco da minha história. Saí do colégio como a maioria dos meus colegas, tendo que escolher um curso para me inscrever no vestibular. Eu tinha 16 anos e até então poucas vezes tinha conversado comigo mesma para tentar entender o que eu mais gostava ou tinha de aptidões. Me inscrevi para Jornalismo, devido a minha facilidade de comunicação e gosto pela escrita, e para Administração, não sei bem porque. Fiquei um ano estudando ambas as coisas e nesse ano não evoluí muito nas conclusões do que seria meu propósito, afinal o primeiro ano de qualquer faculdade é ainda muito vago e eu só corria atrás do tempo para dar conta das 12 disciplinas do semestre. No segundo ano de faculdade, surgiu uma oportunidade de trabalhar como assistente administrativa – daquelas faz-tudo – e para isso tive que trancar o curso diurno e seguir só com Administração à noite. Aí eu dei um passo importante! Justamente no trabalho faz-tudo é que fui me experimentando e descobrindo funções que eu gostava e umas que fazia mais porque tinha que fazer. Curiosidade: as que eu mais gostava envolviam outras pessoas.

No último ano de faculdade, comecei a dar aula nos sábados pela manhã, queria ver como eu me saía. Gostei. Amei, na verdade. Outra curiosidade: descobri que eu gostava de ensinar pessoas. Concluí a faculdade, saí dos meus dois empregos, fui morar fora do país por 2 meses para estudar inglês e quando voltei comecei a trabalhar full time na escola onde eu dava aula antes. 1 ano depois surgiu a oportunidade de trabalhar pela primeira vez na área de Recursos Humanos propriamente dita e aí aprendi, na prática, a teoria de trabalhar com gestão de pessoas. Hoje, ainda trabalho com isso e amo cada vez mais, além da felicidade que sinto quando estou em sala de aula. Conto toda essa história para ilustrar os pontos que citei no primeiro parágrafo: o propósito da gente vai evoluindo conforme vamos nos aperfeiçoando e aprendendo mais coisas; essa descoberta precisa da prática para ir aparecendo; é algo amplo, aberto, que permite várias possibilidades, por exemplo: o meu é trabalhar com e para as pessoas, auxiliando no desenvolvimento delas e, para isso, tendo que estar sempre me desenvolvendo também. Ele pode acontecer numa sala de aula, numa empresa, num blog etc.; só preciso de mim e de outras pessoas.

Com isso quero dizer que, uma vez que descobri o meu propósito, eu posso ser dono da minha carreira. Antes disso, só posso seguir o que aparece para mim ou o que me mandam fazer, mas não tenho como pensar na minha carreira, no que quero construir para a minha vida. Pode ser que esse propósito vá evoluindo, se modelando, se adaptando, mas vai seguir uma ideia central e eu vou me desenvolvendo para colocar ele em prática com perfeição. Como diz uma frase que eu gosto muito e já publiquei aqui no blog:

Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que você nasceu e o dia em que você descobre o porquê.
Mark Twain

Depois dessa importante descoberta, que dá sentido para várias das perguntas que nos fazemos, aí é possível ter a própria carreira nas mãos e planejá-la de forma eficiente. Esse planejamento vai ser assunto do próximo post, mas deixo um spoiler: CHA. Até lá!